domingo, 14 de junho de 2009

Pele



Queria nunca ter te tocado,
evitado esse meu desejo de querer-te.
Queria nunca ter te permitido partir,
evitado toda consequência da ausência tua.
Queria nunca ter te amado,
evitado todo esse sofrimento.
Queria nunca ter olhado em teus olhos,
evitado a tua leitura do meu ser.
Queria nunca ter escutado a tua voz,
evitado toda essa falta que hoje ela me faz.
Queria nunca ter sentido saudade tua,
evitado a minha vontade de beijar-te...


sábado, 13 de junho de 2009

Carta à Mariana Alcoforado





França, 06 de junho de 1615.


Mariana,
Estou partindo, mas não a favor do meu desejo e é com os meus olhos embebidos em lágrimas que eu te anuncio que devo partir.
Hei de passar horrores estando longe de ti, minha tão adorada e idolatrada Mariana.
Partindo deixo-te a certeza de que amar-te-ei por toda a eternidade do meu ser. Passarei dias e dias a sonhar com a tua beleza indizível, passarei horas e horas a procurar nas rosas o teu perfume e há de ser em vão, pois rosa alguma haveria de ter a capacidade de exalar o cheiro da tua pele.
Oh! Mariana, como há de ser o restante dos meus dias sem ti? Posso apenas passá-los sonhando com os teus caprichos.
Peço-te apenas que tu não chores a minha partida. Não pretendo dar-te falsas juras dizendo-te que voltarei, embora seja esse o desejo que está a me devorar por dentro.
Mariana, ah minha doce e amada Mariana, sempre foste única em meu coração. Nunca passou em minha mente que um dia eu, logo eu, uma pessoa que se dizia incapaz de cair nas artimanhas de uma mulher, iria estar a falar todas essas coisas a ti, uma mulher; mas sei que és tu diferente de todas outras.
Há de ficar nesse meu triste e amargurado coração as lembranças de momentos que a mim diziam-se mágicos.
E é em meio a lágrimas, entre um soluço e outro que te digo adeus.
Beijos em tua face,

Cavalheiro de Chamilly.

Saudade...


Hoje eu senti saudade...
Saudade da infância,
saudade dos amigos,
saudade de ficar só,
saudade de momentos felizes, que até hoje eu me recordo com muito carinho.
Mas, a saudade que eu senti mesmo foi de uma pessoa que partiu,
a quem eu amava e continuo amando muito.
Saudade do seu cheiro, do seu jeito, da sua tosse, do seu jeito de brigar comigo.
Senti mesmo essa saudade, pois essa pessoa foi embora e eu não tive a coragem de lhe dizer: te amo!
O que mais dói é saber que ela foi embora para nunca mais voltar, ela se foi para sempre!
Mas, continuarei com as suas recordações em minha mente.
O que me conforta é saber que ela está bem, muito melhor que eu.
Agora eu te digo com todas as letras: Eu Te Amo!
Mas ela já se foi. E seu nome era:
Inácia ou vovó Odete.